24 de dezembro de 2013

caFé



Eu levantei naquela manhã de segunda-feira, caminhei até a cozinha e passei um café. Seria o mais triste e desgostoso de todos esses anos de vida. Havia sido uma madrugada turbulenta, de insônia, tudo provocado por perdas recentes e irreparáveis em um único final de semana.
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Ao longo da vida, a gente se perde várias vezes. Se perde do outro, se perde da gente mesmo. Perde chances, perde tempo.
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O café ficou pronto, senti o cheiro de longe, uma das poucas sensações amenas nas últimas 72 horas. Peguei a jarra, joguei o líquido ralo e escuro em uma caneca e coloquei açúcar por cima. Apesar do doce, a bebida era amarga, desceu pela garganta como um punhal certeiro em direção ao estômago.

Certas coisas não precisam de explicação. Elas são exatamente porque devem ser. Cabe a cada um decidir como proceder perante as situações. Você engole sem contestar ou você não aceita ou você ignora.

Dessa vez, e somente dessa vez, eu não contestei o amargo, eu não me importei.
Eu só precisava sentir.


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